Há dias um amigo meu (que se reconhecerá) comentava que Viseu estava em alta nos últimos tempos. Porque
“entre nós” organizámos um fim-de-semana memorável em Viseu, há uns meses; porque Viseu tem a popularíssima Feira de São Mateus que se estende de 15 de Agosto a 21 de Setembro; porque Viseu é conhecida por ser uma cidade assumidamente pouco paciente com a comunidade homossexual; porque Viseu ficou conhecida por ter sido cá que as autoridades experimentaram pela primeira vez novos aparelhos de detecção de droga; porque Viseu assistiu recentemente a um atribulado assalto a um banco; e mesmo agora, há escassos dias... porque Viseu
foi palco de um sinistro acontecimento, onde uma mãe matou os seus dois filhos antes de fazer o mesmo consigo própria.
Ora, o meu amigo brincava. É um amigo de Lisboa e estava picar-me. Eu conheço-o, sei que brincava. Mas tudo isto não deixa de reflectir senão uma coisa. Não é que Viseu esteja nos ouvidos do mundo
sempre pelos piores motivos. Não, isto reflecte o degredo da nossa sociedade. Uma sociedade que dá aso à promiscuidade sexual, aos prazeres carnais e à sua dependência, a delitos e até à falta do amor próprio e ao próximo ao ponto de acabarem com a vida uns dos outros. Isto não é Viseu. Viseu teve o azar de estar no sítio errado à hora errada, como se costuma dizer. Isto passa-se em todo o lado. É triste, e cada vez o caminho está a ficar mais estreito.