Não consigo deixar de ficar profundamente confuso com o interesse que as minhas fotografias suscitam. Por norma, pelo menos é essa a minha opinião, uma fotografia é a captação de um determinado cenário, em determinado momento, com determinada luz, determinada atmosfera, determinada intensidade e mais alguns determinados elementos que dependem essencialmente da fotografia em questão. Mas acima de tudo isso, é algo que nos captivou e que queremos, ou eternizar ou partilhar com alguém. E para que a nossa interpretação vá ao encontro das pessoas, precisamos de talento e de saber montar a cena de uma forma perfeita. Mas mesmo assim, há fotografias que pura e simplesmente despertam um interesse (positivo ou negativo) nas pessoas que eu pura e simplesmente não consigo entender.
Esta fotografia minha arrecadou quatro “favorites” no Flickr, ou seja, quatro pessoas consideraram esta foto como uma favorita. E esta, é uma daquelas que eu não consigo entender. Vejo na foto algum interesse, mas não ao ponto de ser a favorita de alguém. Esta é outra. Brinquei com a época natalícia e fiz de contas que era uma árvore de Natal (sem o esconder). A foto não despertou interesse, não suscitou comentários, mas teve direito a uma brincadeirazinha. Acho no entanto que pouco mais merece. Esta é outra que eu considero banal. O angulo não era o que eu quis, as cores e a intensidade não são as que eu queria transmitir, e no entanto recebeu vários elogios. Mais uma, que eu não considero ter sequer qualidade, mas recebeu um pequeno elogio. Esta é outro caso particular: três favorites e nenhuma reacção escrita.
Mas depois há fotografias que nós apreciamos particularmente e que partilhamos na esperança que as outras pessoas concordem e digam algo de positivo acerca delas. Esta é uma delas. Uma das minhas favoritas, mais pela luz e pelas cores do que por outra coisa, e nothing, no reaction.
Quero com isto dizer que por mais que nos esforcemos em transmitir aos outros a nossa interpretação do cenário, por vezes torna-se complicado ou até mesmo impossível e cria-se uma dualidade de critérios. Aquilo que eu acho que vai agradar pode afinal de contas passar completamente despercebido. E aí é que está a piada e o desafio. Procurar a perfeição e procurar reunir numa só fotografia todos os ingredientes que as outras pessoas colocariam. Mas como a arte da fotografia não é uma ciência exacta, dificilmente poderemos ter certezas quanto aos sentidos que os nossos shoots vão despertar nos outros. Importante é divertir-nos e tentar transmitir a nossa concepção das coisas, se não o conseguirmos, teremos pelo menos despertado nas pessoas uma outra faceta da nossa arte: a faceta que elas quiserem imaginar.