O meu dia-a-dia mudou e encheu-se de formulários e entrevistas. Ando muito de carro, mas também ando a pé com uns sapatos de cerimónia que pouco a pouco vão rebentando com os meus segmentos distais. Passei a lidar com pessoas diferentes e consequentemente a ter que levar com vários tipos de respostas, que vão desde o
«Não, muito obrigado!» até ao
«Mas olhe que quem trata disso é o senhor José e ele não está, volte na próxima semana, está bem? Faz-me esse favor?». Faço. Que remédio tenho eu senão voltar na próxima semana, não é verdade? Mas isto sou eu a imaginar o futuro, porque a próxima semana ainda está para acontecer, está claro. Tenho inclusivamente o exemplo de uma cliente que me pediu licença, enquanto estávamos reunidos, para dar um valente insulto à sua sócia. Isto é que é educação, viram? O chato disto tudo é que vejo-me obrigado a vestir uns trapos mais formais, para não parecer demasiado ignóbil quando abordo as pessoas. E pronto, o meu dia-a-dia passou a ser este. Das nove às sete.